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Ei, astronauta, está sentindo falta da Terra?
Estreia do projeto Demo-2, da Space X, contrasta com a situação dramática da cadeia global de aviação
Colunista Walter Pellecchia comenta o mercado de capitais a nível internacional

*Walter Pellecchia | Ilustração: Julia Padula

Quem nunca desejou ser astronauta ou, pelo menos, não se deslumbrou com a possibilidade de ver nosso planeta azul pelo lado de foraPois o mundo aeroespacial teve um dia atípico e empolgante em 27 de maio. Depois de quase dez anos do encerramento das atividades de seu programa de ônibus espaciais, a Nasa, agência espacial americana, programou para aquela quarta-feira a retomada do lançamento de missões tripuladas partindo do solo americano, em parceria com a SpaceX, empresa do bilionário Elon Musktambém dono da Tesla. 

Batizada Demo-2 (Demonstration 2, em razão do seu caráter de teste), a missão tem como objetivo habilitar a SpaceX para operar voos comerciais rumo ao espaço — inicialmente para transportar astronautas, equipamentos e suprimentos para da a estação espacial internacional e, no futuro, para promover missões para a lua, para Marte, e até levar pessoas comuns (e bem ricas) para o espaço. Infelizmente, por causa das condições climáticas adversas em Cabo Canaveral, na Flórida, estreia da Demo-2 teve de ser postergada, faltando apenas 16 minutos para a ignição dos motores. O adiamento deixou os espectadores ao redor do mundo com água na boca e gostinho de quero mais. A próxima tentativa ficou marcada para 30 de maio. 

Não é só a SpaceX que está focada em viagens siderais: também estão na lista Virgin Galactic e a Blue Origin, de Jeff Bezos, fundador da Amazon. Segundo estimativas do banco UBS — de 2019, portanto, prévias à covid-19 —, o mercado aeroespacial, que hoje envolve aproximadamente 400 bilhões de dólares, deve mais que duplicar até 2030. Apenas o mercado de turismo espacial poderá movimentar cerca de 3 bilhões de dólares por ano. 

Difícil é dizer que essas estimativas não serão afetadas pela pandemia. Prima mais velha da indústria dos foguetes, a aviação definitivamente não está na sua melhor fase. Companhias aéreas, fabricantes de aeronaves, aeroportos e outros segmentos da cadeia estão agonizando em consequência das restrições de voos em centenas de países. As companhias áereas, cuja atividade é caracterizada por altos custos fixos, margens reduzidas e reservas de capital limitadas, contabilizam prejuízos milionários diários e estão sendo obrigadas a tomar medidas drásticas. 

Do pacote de 2,2 trilhões de dólares que o governo americano aprovou para ajudar o país a atravessar a crise, 25 bilhões de dólares serão destinados a companhias aéreas como American Airlines, Delta, United e JetBlue, com o objetivo principal de manter a folha de pagamento e os benefícios dos funcionários. O governo alemão destinou 9 bilhões de euros à Lufthansa, em troca de tornar-se dono de cerca de 20% da companhia, operação denominada bailout. A colombiana Avianca apresentou no início de maio seu pedido de recuperação judicial às cortes de americanas, seguida, em 26 de maio, pela Latam Airlines para suas operações nos EUA, Chile, Equador, Colômbia e Peru. Isso para dar alguns exemplos, uma vez que o cenário basicamente não poupa nenhuma empresa do setor. Acredita-se que a indústria da aviação levará, no mínimo, três anos para retomar a situação pré-covid-19. 

Será que os astronautas lá na estação espacial internacional estão sentindo falta da Terra?


*Walter Pellecchia, advogado especialista em mercado financeiro, integrante do escritório Reed Smith LLP em Londres ([email protected]). O texto reflete opiniões do autor e não deve ser considerado como consultoria de qualquer natureza. 


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