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Os prazeres e as dores da tecnologia
Wilton Daher*

Wilton Daher*

O avanço é inevitável, e o mundo digital consolida, a cada dia, novos modelos de relacionamento interpessoal e empresarial. São sistemas de teletrabalho, teleconferências, compartilhamento de bancos de dados, algoritmos, inteligência artificial, medicina não invasiva, biotecnologia, “uberização” dos transportes, entre muitas outras novidades. Nenhuma área escapa dessa revolução tecnológica — que veio para os prazeres e as dores da humanidade e, evidentemente, não para por aqui.

Uma evolução bastante interessante, e ainda pouco conhecida, é a descoberta do grafeno. Trata-se de um impressionante derivado do grafite: um milhão de vezes mais fino que um fio de cabelo, condutor elétrico mil vezes mais eficiente que o cobre, 200 vezes mais forte que o aço, 100 vezes melhor que o silício; é, ainda, 7 vezes mais leve que o ar (um metro quadrado pesa 0,77 miligramas). Ademais, o grafeno é impermeável, translúcido, maleável e ultraflexível. Sua descoberta, em 2004, dada a expressiva relevância para o avanço da ciência, proporcionou o Prêmio Nobel de Física de 2010 aos pesquisadores russos da universidade de Manchester Andre Geim e Konstantin Novoselov. Por ter numerosas aplicações, o grafeno abre as portas para mais um capítulo da revolução tecnológica.

Contando com o material, cientistas já estudam a possibilidade aceleração da internet; o desenvolvimento de celulares transparentes, flexíveis e da espessura de uma folha de papel; a ampliação da durabilidade das baterias de carros elétricos; a fabricação de aviões e carros mais leves; a produção de cabos de transmissão de dados capazes de armazenar 500 mil músicas em um segundo; a criação de filtros capazes de eliminar qualquer impureza, inclusive o sal. Em 2012, foram registradas cerca de 2 mil patentes para protótipos de produtos que envolvem o grafeno.

Mas outros campos de desenvolvimento tecnológico, mais conhecidos, já influenciam de fato a vida cotidiana. Estima-se que a nanotecnologia — em que convergem disciplinas como química, física, engenharia, biologia e ciência dos materiais — tenha movimentado US$ 1 trilhão em 2015, gerando 800 mil empregos nos Estados Unidos e outros 2 milhões no mundo. Isso sem falar nos robôs. Um bom exemplo está na impressora 3D, que revoluciona tanto a indústria, na intensificação da produção em massa, quanto a medicina, na fabricação de variados tipos de próteses.

Os executivos aparentemente já perceberam que se trata de um caminho sem volta. A edição de 2016 da pesquisa anual global da consultoria PwC mostra que 81% dos líderes disseram acreditar que os avanços tecnológicos transformarão seus negócios nos próximos cinco anos. Será praticamente impossível interagir com os consumidores sem recorrer à tecnologia. A pesquisa revela que as empresas mais inovadoras se expandem 16% mais rápido do que as que não se preocupam com o tema tecnologia. A ideia é evitar o clássico efeito Kodak. Em 1998, a companhia tinha 170 mil funcionários e vendia 85% do papel fotográfico usado no mundo todo; por não ter acompanhado a evolução da fotografia digital, em pouco tempo viu seu modelo de negócio praticamente se extinguir.

Acadêmicos estimam que aproximadamente um de cada quatro empregos conhecidos hoje será substituído por softwares e robôs até 2025 — o percentual que tende a continuar crescendo. E, diferentemente do que muitos imaginam, a tecnologia ameaça não apenas trabalhos braçais, mecânicos e técnicos: pode também mudar significativamente carreiras tradicionais como medicina, jornalismo, engenharia e direito.

Portanto, é impossível competir hoje sem responder às mudanças tecnológicas, que acontecem o tempo todo, e de forma avassaladora. O futuro será muito mais surpreendente do que podemos hoje pensar. Importante, todavia, que não se esqueça da força criadora do ser humano — para o bem ou para o mal, como bem sintetizou um dos mais brilhantes cientistas da história. Albert Einstein (1879-1955) disse que “o mundo como nós criamos é um processo do nosso pensamento”. Vivenciamos uma nova era, em que é possível sonhar com o absurdo para alcançar o impossível.


*Wilton Daher ([email protected]) é fundador da Interconsulting Empresarial


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