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Como transformar risco em lucro
Empresas atentas a questões climáticas ganharam 15 bilhões de reais em 2017 com novos negócios
Juliana Lopes*

Juliana Lopes*

É cada dia mais urgente a transição para a economia de baixo carbono. Mas isso não significa que deva prevalecer uma visão alarmista, que pode — e deve — ser substituída por otimismo e ação. A mudança de mentalidade evidencia oportunidades financeiras que já são realidade (no Brasil e no mundo) para empresas, cidades e governos. Os bons exemplos são numerosos: vão das casas flutuantes da Holanda à dessalinização da água do mar em Israel e à transformação do semiárido brasileiro em polo produtor e exportador de frutas.

Dados de um levantamento da CDP Latin America, intitulado Navegando por uma economia em transição, mostram que as empresas da amostra que não fizeram planejamento em relação a questões climáticas perderam 118 bilhões de reais; as que optaram por esse planejamento relataram ganhos de 15 bilhões de reais com novas oportunidades de negócios e ainda economizaram 3,6 bilhões de reais.

A Braskem é um grande destaque, tanto regional quanto globalmente. É uma das poucas companhias brasileiras que estabeleceram um preço interno do carbono. Maior produtora de polietileno verde I (de cana-de-açúcar, origem 100% renovável), identifica e prioriza oportunidades e riscos climáticos em todas as suas usinas no Brasil, nos Estados Unidos, na Alemanha e no México. Além disso, em 2017 a empresa se destacou ao obter o engajamento de 65% dos fornecedores para mudanças climáticas e de 76% para os recursos hídricos, as maiores taxas de resposta entre as empresas participantes na América Latina. O caso da MRV também é relevante. Em 2017, a empresa entregou o seu primeiro empreendimento capaz de produzir sua própria energia, por meio de placas fotovoltaicas instaladas nos telhados.

Das 155 cidades da América Latina que participam do programa Cities do CDP, 38 reportaram inventários. Destas, oito trabalham com metas de redução de emissões. O resultado indica que há uma lacuna entre a intenção de planejar e a efetiva ação que se transforma em resultado. Caso emblemático de sucesso é o da cidade equatoriana de Cuenca, que fez uma parceria com uma empresa holandesa para aproveitamento de biogás — em 2017, o ganho para o município foi de 3,5 bilhões de dólares. Também no Equador, a capital Quito mudou a lei para fazer as novas construções envolverem critérios ambientais, inclusive com consideração da pegada de carbono. Colina, no Chile, instalou a primeira planta solar fotovoltaica, para aproveitar o excelente nível de radiação e a topografia plana. Exemplos de como a energia limpa pode levar ao desenvolvimento de novos negócios. No Brasil, a cidade de Natal aposta em ações para mitigar a ameaça do avanço do mar à área costeira, que coloca em risco sua principal atividade econômica, o turismo. Os cerca de 4 mil semáforos da cidade do Rio de Janeiro serão de LED — tecnologia menos custosa e mais durável. A substituição está sendo financiada por meio de uma parceria com a Fundação Clinton, que tem como foco principal confrontar os efeitos das mudanças climáticas no mundo.

Esses exemplos comprovam, na prática, que nada é impossível para o grau de tecnologia alcançado pela humanidade. Entidades, empresas e investidores devem pensar no longo prazo, mas atuando no curto para fazer a transição. Os investimentos geram retorno e também segurança e bem-estar para as populações. Fundamental que se estabeleça uma articulação entre todas as esferas, para que seja possível limitar a elevação da temperatura da Terra a dois graus Celsius até 2050, compromisso assinado no Acordo de Paris. É preciso pensar grande e longe, romper a inércia. O pensamento no retorno de curto prazo fica restrito às empresas fadadas à extinção.


*Juliana Lopes ([email protected]) é diretora do CDP Latin America

 


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