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Diversidade que melhora resultados
Leila Loria* (Ilustração: Rodrigo Auada)

Leila Loria* (Ilustração: Rodrigo Auada)

A diversidade nos conselhos de administração tem sido muito discutida em todo o mundo, e estudos mostram que os boards mais heterogêneos entregam melhores resultados aos acionistas. Vamos fazer uma breve análise da questão do ponto de vista de diversidade de gênero.

Alguns países da Europa e da África adotaram medidas para incentivar — e muitas vezes forçar — a participação de mulheres em conselhos. De fato, esses países hoje têm o maior percentual de presença de mulheres nos boards. Exemplos sempre citados são Noruega, que segundo um levantamento da firma de consultoria Spencer Stuart já atingiu 40%; França, Suécia e Finlândia, que se concentram na faixa de 30%; e Dinamarca, África do Sul e Reino Unido, acima de 20%. Nesse trabalho, realizado em 2014, o Brasil apareceu em último lugar, com apenas 7,2% de mulheres nos conselhos, já incluídas as conselheiras que também são herdeiras.

No último mês de maio, integrei um grupo de 30 executivas brasileiras, de diferentes áreas de atuação e algumas já atuando em conselhos, que viajou para fazer um curso de governança na Universidade Nova SBE (School of Business & Economics), em Lisboa. O curso foi elaborado especialmente para o grupo, que já visitou as Universidades de Columbia e Johns Hopkins, nos Estados Unidos, e agora está interessado em conhecer mais a respeito da governança nos países europeus.

Por coincidência, enquanto estávamos em Lisboa, foi encaminhado pelo governo português um projeto de lei estabelecendo a meta de 40% de mulheres no topo do Estado português até 2019, além de outros objetivos a serem cumpridos pelas empresas privadas. É muito provável que o projeto passe por modificações ao longo da tramitação. De qualquer forma, é importante destacar que Portugal segue a tendência dos países europeus, que têm assumido a liderança no tema de diversidade de gênero e adotado medidas para estimular a mudança. Acreditamos que, além das políticas públicas de incentivo, o comprometimento dos líderes empresariais e uma maior transparência por parte das empresas são essenciais para se mudar a situação. Mas, afinal, por que é tão importante promover a diversidade?

Numerosos estudos e pesquisas de diferentes instituições demonstram que as empresas com mulheres nos conselhos vêm apresentando performance superior àquelas que não contam com diversidade de gênero. Dentre as principais razões apontadas, destacam-se a melhora da dinâmica interpessoal no conselho; a promoção de enfoque diferenciado em temas relacionados a capital humano, sustentabilidade, riscos e compliance; a inserção de novos temas para discussão no conselho, muitas vezes sob a perspectiva do consumidor; e a geração de mais questionamento, o que é essencial para se aumentar a competitividade das empresas em um ambiente de intensas mudanças de mercado. Em termos objetivos, todos os indicadores utilizados nos estudos foram superiores nas empresas em que existia diversidade de gênero — e a diferença ficou ainda mais evidente naquelas em que os conselhos tinham pelo menos três mulheres. Então, se existe tanta evidência a respeito dos benefícios da diversidade, por que a situação no Brasil não tem se alterado nos últimos anos?

Entendemos que a questão vai além da diversidade de gênero. Boas práticas de governança recomendam que os conselheiros tenham perfis diferentes, mas nem sempre a composição dos boards reflete essa preocupação.

No caso da variedade de gênero, outra razão que pode explicar o pequeno número de mulheres em conselhos diz respeito ao ainda reduzido número de mulheres CEOs e executivas-seniores. Muitas empresas têm trabalhado para tornar a diversidade de gênero uma vantagem competitiva, e o melhor resultado tem sido daquelas que estabelecem e perseguem objetivos quantitativos para recrutamento, promoção e retenção.

Na verdade, hoje já existe um contingente de mulheres preparadas para integrar conselhos. Um dado recente da Spencer Stuart atesta que, dos seis conselheiros recrutados nos últimos três meses, quatro são mulheres (e em apenas um caso havia a exigência de que a vaga fosse para uma mulher). Segundo depoimento do presidente da consultoria, havia um número significativo de mulheres qualificadas em todos os casos. Nesse sentido, iniciativas criadas para ampliação da visibilidade dessas executivas, como o programa de mentoria lançado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) em parceria com o Women Corporate Directors (WCD) e o International Finance Corporation (IFC), são fundamentais para se ampliar a diversidade de gênero em conselhos.


*Leila Loria ([email protected]) é consultora


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