Sim – Além de prejudicar seus sócios, privou o mercado local de recursos importantes

gilbertoA Bolsa de Valores de Hong Kong recusou o registro de abertura de capital do Alibaba, o maior IPO na história do mercado de capitais (US$ 25 bilhões), por fidelidade à norma de “uma ação, um voto”, prevista em seu regulamento. Conforme a instituição, os acionistas da empresa chinesa de comércio eletrônico terão pouco controle sobre a administração, uma vez que seu fundador e 30 executivos do grupo indicarão a maioria dos membros do conselho de administração.

Seria elogiável a postura de Hong Kong, ao se manter coerente com seu princípio, mas não é razoável. Assim como a maior parte de suas similares pelo mundo, ela é uma empresa com fins lucrativos, registrada como companhia aberta em seu próprio pregão. Mas para ela não vale a regra de um voto por ação. Seis dos doze membros de seu conselho, além do presidente do órgão, são indicados pelo governo de Hong Kong, que não possui ações da empresa. Há outras situações previstas no regulamento da Bolsa que, em nome do interesse público ou da proteção ao investidor, ignoram esse princípio. Aliás, ela já admitiu exceções ao preceito noutras ocasiões.

Assim, soa quixotesca a postura que impediu à instituição e a seus acionistas receber os benefícios, em seu mercado, trazidos pelo registro do IPO gigantesco, apenas porque seus títulos não obedecem à proporcionalidade entre condição econômica e poder político. Renunciou a uma receita que pode ser a mais importante entre aquelas proporcionadas pelos títulos transacionados em seu pregão. Além de prejudicar os sócios, privou o mercado local de recursos que certamente seriam importantes para se desenvolver. Por último, mas não menos importante, dificultou o acesso do investidor chinês às ações do IPO.

A importância do Alibaba é inquestionável. A empresa movimenta 80% do volume de comércio eletrônico da China. Além disso, seus usuários negociaram US$ 250 bilhões em seus sistemas, mais do que os volumes de Amazon e E-Bay somados. Eram 279 milhões de clientes em junho, número 50% maior que o observado doze meses antes. Analistas estimam que suas vendas subam 30% ao ano no futuro próximo, dado o rápido crescimento da atividade de e-commerce e a ainda baixa penetração da internet na China.

A regra “uma ação, um voto” representa a essência do capitalismo: quem tem mais dinheiro pode ter mais capital acionário e, assim, mais poder no comando das companhias abertas. Mas sua observância não é tão rigorosa nos mercados — nem mesmo no americano, considerado o mais eficiente. Diferentes tipos de ações de uma mesma empresa são frequentemente admitidos à negociação e, em muitos casos, observa-se que os preços dos papéis se movimentam mais atrelados a resultados e governança do que aos diferentes poderes.

Diante desses prognósticos, e das exceções a sua regra, fica difícil defender a posição assumida pela bolsa da cidade chinesa. Por não possuir um mercado capaz de competir com o maior do planeta, que é o americano, a comissão a ser paga pelo Alibaba deveria ter ainda mais importância para a Bolsa de Hong Kong. Será que essa receita não seria relevante para ela persistir, com ainda mais força, na defesa dos princípios que diz defender?


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