Sim – A resiliência da economia nos ajuda a não perder o grau de investimento este ano

antitese-simO Brasil tem andado perigosamente para trás em muitos aspectos. O governo, em particular, inverteu o rumo da economia ao fim do primeiro mandato do presidente Lula e começou a tomar medidas que lembravam os anos 1970 e 1980. Da década de 1970, herdou a vontade de colocar investimentos públicos como carro-chefe do crescimento. Os anos 1980 vieram com os diversos subsídios, os acordos setoriais, as desonerações e a inflação elevada. Mesmo com tanto retrocesso, a situação institucional melhorou, impedindo que essas políticas continuassem “ad infinitum”. Não fosse a escolha da nova equipe econômica e, decerto, teríamos regredido ainda mais.

É justo a resiliência da economia o que nos ajuda a não perder o grau de investimento agora. O País é menos fechado do que na década 1980. Medidas tomadas na contramão da racionalidade causam a reação negativa que temos visto desde o segundo semestre do ano passado. Mais ainda, houve a percepção, inexistente trinta anos atrás, de que uma piora fiscal afunda rapidamente a economia. A presidente demonstrou ter clara noção disso, ao escolher Joaquim Levy para ministro da Fazenda.

Ainda assim, é possível que se evite o rebaixamento apenas este ano. Sua ocorrência depende de a Standard & Poor’s (S&P) reduzir a nota, o próximo passo provável, e de outro avaliador agir na mesma direção. Em geral, para efeitos de fundos disponíveis e taxas cobradas, deve haver duas agências relevantes a retirar o grau de investimento do País.

A primeira atitude da Fitch e da Moody’s seria mudar a perspectiva da avaliação — no caso da primeira, de estável para negativa; na régua da segunda, de negativa em Baa2 para Baa1, a nota anterior ao grau especulativo. Ou seja, o procedimento que as agências podem tomar agora levaria a uma mudança de perspectiva ou de nota, mas ainda em grau de investimento. Para haver a queda, o caminho talvez não seja tão rápido.

A ideia de que não haverá piora nas notas neste momento passa por algumas hipóteses heroicas. Primeira: Joaquim Levy deveria permanecer mais tempo como ministro da Fazenda e, pelo menos, engatilhar um ajuste fiscal mínimo. Há espaço para que o superávit primário atinja a meta anunciada de 1,2% do PIB, não apenas pelas novas medidas, mas também pelo desmonte do que foi feito no passado. Segunda condição: a presidente Dilma reconquistar a confiança do Congresso para planejar qualquer esforço fiscal adicional. Se não houver mudanças na política, ficará praticamente inviabilizado o salto até o superávit de 2%, esperado para 2016. Terceira: que os racionamentos de água e energia não sejam drásticos. Em nossos cálculos, contamos com um corte “branco” de energia de 5%, que, junto com os efeitos do “petrolão” na economia, levaria o PIB a cair 1%. Não se pode esquecer que o anúncio do racionamento em 2001 levou a S&P a mudar a perspectiva da nota naquele ano.

Esses três elementos se interrelacionam e se reforçam de maneira mútua. Uma piora na economia enfraquece o ministro da Fazenda e a presidente. Isso deve acontecer nos próximos meses, mas não agora. Embora a perda do grau de investimento em 2015 não pareça provável, a chance de ela suceder entre 2016 e 2017 infelizmente cresce caso o governo não avance nas reformas necessárias.


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