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A maior das cleptocracias
Quanto maior, poderoso e burocrático for o Estado, mais profunda será a corrupção
Ilustração: Rodrigo Auada

Ilustração: Rodrigo Auada

Pode até ser que o Brasil não esteja na pior posição na lista dos países com os maiores índices de corrupção do mundo. Talvez ganhe um prêmio de consolação, classificado entre alguns colegas africanos nesse ranking internacional. Mas a sensação térmica interna é de permanente, continuada e intensa elevação da temperatura do tema.

Corrupção é doença social característica do Estado e de seus agentes individuais. Quanto maior, poderoso e burocrático for o Estado, mais profundamente será corrupto e mais vantagem vai proporcionar para que seus prepostos enveredem pelo enriquecimento sem esforço — sistema facilitado pela criação de dificuldades para venda de facilidades, ou pelo brutal volume de compras estatais. Propinas e subornos escorrem pelas frestas de todas as atividades governamentais.

O livro não é tão atual, mas acabo de ler Os Bem$ que os Políticos Fazem, do jornalista Chico de Gois, da editora Leya. Trata-se de um passeio amplo por tudo o que vai contra os princípios e códigos que regem a moralidade pública. E não diz respeito, precipuamente, a figurões que resplandecem em Brasília. Com algumas exceções, são políticos interioranos, pés de chinelo, que enriquecem à custa de propinas e corretagem de verbas, sugadas de seus conterrâneos miseráveis.

Raríssimo é o dia em que a imprensa não revela algum fato escabroso de corrupção em algum dos níveis federativos — quando não em vários simultaneamente. Não escapam os governos federal, estaduais e municipais, de todos os tamanhos, pequenos, médios ou grandes. As áreas de atuação dos funcionários e políticos corruptos vão dos setores mais carentes (educação, saúde, habitação, saneamento, calamidades públicas) aos mais prosaicos (trânsito, merenda escolar, manifestações culturais ou buracos em ruas e calçadas). Nada escapa da sanha dos corruptos. E não resolvem ou adiantam serviços de inteligência, controladorias ou tribunais de contas; nem mesmo operações corretivas como a Lava Jato e similares, levadas a efeito pelos poderes competentes.

A única terapêutica possível para essa enfermidade mórbida seria uma redução das atividades e do poderio estatais. Mas tamanha grandeza não está no horizonte de nossos políticos, que preferem conviver com a doença e dela se aproveitar, lambuzando-se em sua promiscuidade.

Infelizmente, o Brasil está condenado a ser a maior das cleptocracias da História universal.

 


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