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Herança fascista
Montagem com fotos extraídas de freeimages.com e Wikipédia

O corporativismo representou a quintessência político-econômica do fascismo (Montagem com fotos extraídas de freeimages.com e Wikipédia)

Não se percebe à primeira vista, mas o corporativismo que devasta a vida brasileira é um sólido legado fascista.

O nome fascismo deriva de fascio, palavra do italiano que designa um feixe de varas cintadas, coroado pela lâmina de um machado, símbolo de poder dos cônsules da Roma antiga. As organizações de cunho fascista, ao redor do mundo, caracterizavam-se pelo uso intensivo de símbolos e cores.

No Brasil, o fascismo se apresentou em duas vertentes. Uma tão colorida, militarizada e caricata quanto suas similares no exterior: o Integralismo, cujo chefe nacional era o escritor paulista Plínio Salgado. A outra — mais discreta, pragmática e poderosa, denominada Estado Novo após 1937 — foi dirigida de maneira ferrenha por Getúlio Vargas, pela primeira vez presidente da República de 1930 a 1945.

As bases ideológicas e de ação prática do Integralismo foram lançadas por Plínio Salgado, “o chefe” (tradução literal de führer), em um livrinho editado em 1933, O que é o Integralismo. Entre outras pérolas, o folheto pregava:

“O Integralismo moverá, desde já, guerra de morte a todos os partidos, sejam eles quais forem. A Nação é una e indivisível e os partidos dividem a Nação. O Integralismo acabará com os partidos, que exploram o Povo, para dar ao Povo a verdadeira representação, que é a representação corporativa. É sobre a base corporativa que o Integralismo construirá a Pátria Brasileira. Só a corporação exprime os legítimos interesses da Nacionalidade, não só porque constitui uma expressão econômica, mas principalmente porque representa uma expressão ética.”

O corporativismo foi a quintessência político-econômica do fascismo. O objetivo fundamental era substituir a representação parlamentar e partidária convencional por outra, fundamentada em classes econômicas e profissionais. No entanto, Plínio Salgado não chegou a implantar suas ideias. Elas lhe foram surripiadas por Getúlio Vargas e impostas ao País em 10 de novembro de 1937, com a implantação do Estado Novo. É suficiente conhecer o artigo 140 da Carta daquele ano:

“A economia da produção será organizada em corporações e estas, como entidades representativas das forças do trabalho nacional, colocadas sob a assistência e a proteção do Estado, são órgãos deste e exercem funções delegadas de poder público.”

Eis a raiz do imposto sindical, dos sindicatos de patrões e empregados por categoria econômica, do que hoje conhecemos como “sistema S”, além das diversas corporações de funcionários que, com suas demandas e privilégios, tratam de se apropriar dos recursos públicos.


* Ney Carvalho é historiador e ex-corretor de valores


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