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Hedge funds descortinados
Os bastidores de um dos segmentos mais importantes e controversos do mercado financeiro

O termo hedge é definido no Michaelis como “resguardar-se, minimizar o risco”. Estranhamente, é usado para descrever um segmento de gestores do mercado financeiro conhecido por suas estratégias arrojadas, que sugerem uma certa paixão pelo risco. Nada poderia ser mais enganoso do que essa impressão. Fiéis à definição do dicionário, os hoje denominados fundos de hedge têm bons sistemas de gestão de risco e buscam retorno independentemente de o mercado subir ou cair. Desde A. W. Jones, seu precursor na década de 1950, até o recente fenômeno de John Paulson, esses fundos têm como objetivo a geração de retornos superiores e não correlacionados à média do mercado.

Jornalista do Financial Times, com longas passagens pelo The Washington Post e The Economist, Sebastian Mallaby estudou a indústria dos fundos de hedge por três anos, com acesso a correio eletrônico, cartas aos investidores e mais de 150 entrevistas com personagens marcantes. Desse farto material de pesquisa emergiu More Money than God: Hedge Funds and the Making of a New Elite, uma fotografia sobre o desenvolvimento de um grupo que surgiu para gerenciar recursos de famílias abastadas e somente foi reconhecido como uma classe de ativos ao servir clientes institucionais na última década. Em outras palavras, os fundos de hedge permaneceram quase que fora do radar por 50 anos.

Os capítulos cobrem os vários estilos criados para explorar momentos em que os mercados falham na precificação de ativos. O passeio inclui personagens como George Soros e suas estratégias baseadas nos fundamentos macroeconômicos; Julian Robertson e sua habilidade para investir em empresas; Jim Simmons e o início dos fundos quantitativos; A. W. Jones e os fundos long/short, dentre outros. A teoria da eficiência dos mercados é sempre colocada no livro como pano de fundo para explicar o sucesso dos fundos de hedge. Isto é, os retornos consistentemente superiores ao mercado provêm da exploração inteligente e sistemática de desvios entre preço e valor.

O livro também discute o papel dos fundos de hedge no mercado e sai em sua defesa de forma elaborada e vigorosa. Quando ocorre uma crise no mercado financeiro, a opinião pública sempre acaba induzida a culpar os especuladores pela turbulência e transferência de riqueza dos mais pobres para os mais ricos. O argumento de Mallaby, embora controverso, coloca os fundos de hedge mais como catalisadores das correções do que criadores das distorções. Além disso, essa nova classe de ativos criou uma fonte de diversficação importante para fundações filantrópicas e universidades, permitindo o exercício sustentável de obras de caridade e o patrocínio de pesquisas e bolsas de estudos.

Por fim, a estrutura de incentivos fomenta mecanismos de gestão de riscos fortes, se comparados com os desastres que testemunhamos nessa área em seguradoras e bancos em geral. O fato de esses fundos não serem “grandes demais para quebrar” admite que a lógica darwinista prevaleça, sem operações de salvamento com custos para a sociedade. Entre 2000 e 2009, mais de 5 mil fundos de hedge fecharam, e nenhum deles precisou de recursos públicos: algo bem diferente dos casos conhecidos de bancos e seguradoras “grandes demais para quebrar”. Do ponto de vista dos potenciais custos para a sociedade, parece óbvia a estrutura organizacional mais eficiente para a gestão de recursos. A resposta está à vista de todos.


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