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Aprendendo a pedalar

Há algum tempo descobriu-se que, em economia, não existe almoço grátis. Por toda e qualquer alegria paga-se sempre um custo — na maioria das vezes proporcional ao tamanho do bônus — que, se não aparece logo de cara, tampouco tarda a ser faturado. Depois de meses embalado pela vigorosa retomada das ofertas públicas de ações, o mercado de capitais brasileiro começa a perceber que terá de encarar uma trabalhosa e desafiante lição de casa. Afinal, a realidade é nova, e os problemas, também.

Nesta edição resumimos, em diferentes aspectos, alguns dos novos problemas que o mercado começa a enfrentar diante do movimentado curso de aberturas de capital e ofertas públicas de ações de companhias já listadas. Na reportagem de capa, mostramos que os investidores pessoas físicas nacionais têm conseguido um espaço ínfimo para participar do processo de capitalização das nossas companhias. A despeito da crescente adesão desses investidores às ofertas — especialmente nas últimas operações — o percentual a eles reservado (apenas 10%) tem se mantido constante e se confirmado insuficiente para atender à demanda mínima de quem acredita na empresa e quer investir nela com olhos no longo prazo.

A discussão, contudo, não é tão simples assim. As companhias alegam que esse investidor de longo prazo não é o perfil da pessoa física brasileira que vem buscando um lugar nas ofertas públicas de ações. Segundo os emissores, o que os nossos investidores querem é especular e ter ganho rápido — comprar no IPO e vender no dia seguinte — e, por isso, não merecem levar mais que os tradicionais 10%. Uma discussão em que certamente perde o País, que deixa passar a oportunidade de incrementar a formação de poupança nacional, e perdem os nossos investidores pessoas físicas, que deixam de participar do crescimento de companhias promissoras e com ótimas práticas de governança, seja porque não encontram papéis, seja porque preferem “flipar” — o termo abrasileirado que significa a compra no IPO, seguida de uma venda rápida para aproveitar o ganho da largada.

Outros problemas novos são abordados nas reportagens que tratam da segregação das atividades dos analistas e dos bancos de investimento, da falta de regras para assegurar a transparência das informações em ofertas secundárias promovidas por terceiros e das questões de governança relacionadas às companhias que estão pulverizando o controle acionário no mercado. Neste último ponto, propomos uma discussão sobre o quanto os nossos administradores estão preparados para um ambiente em que, sem a figura do controlador, ficarão com a pinta dos super-poderosos executivos norte-americanos que tantos prejuízos causaram às corporações daquele país nos últimos anos.

O “almoço”, como se vê, não vai sair barato. Temos pela frente o desafio de aprender a pedalar no meio do campeonato, e de escapar de atitudes tentadoras e de curto prazo que, no futuro, se revelem um tiro no pé. Identificar esses pontos, e pensar sobre eles, é um jeito de começar.


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