O que esperar de 2015?

O ano de 2014 encerra-se ainda de forma mais tímida que 2013. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) registrou apenas duas ofertas públicas: uma inicial (IPO) e uma oferta subsequente, que totalizaram aproximadamente R$ 16 bilhões. Atualmente, encontram-se sob análise da autarquia quatro IPOs, com a Azul retomando sua tentativa de abrir capital no Brasil. Todas foram protocoladas no ano passado, mas acabaram ficando para 2015, pois não havia mais janela de mercado para a realização das captações. Em suma, 2014 foi muito morno em termos de obtenção de recursos via ações.

Por outro lado, o mercado de dívida corporativa continuou aquecido. De acordo com dados da CVM, até setembro do ano passado os mercados de debêntures e de notas promissórias comerciais movimentaram, no total, aproximadamente, R$ 11 bilhões. Excluída a parcela integralizada em ativos pela Portugal Telecom no follow-on da Oi, o mercado movimentou, nas duas ofertas de ações de 2014, cerca de R$ 8 bilhões — ou seja, R$ 3 bilhões a menos que o mercado de dívida corporativa.

Este ano não deve ser muito diferente de 2014 no que diz respeito à mudança de prática pelas companhias: a captação de recursos via dívida deverá seguir mais expressiva que aquela via ações

É o que provavelmente continuaremos a ver em 2015. Mais captações por meio de dívida, menos dinheiro levantado em ações. Este será um ano de ajustes, em razão do início do segundo mandato da presidente Dilma; a nova equipe econômica, de certa forma, já acalmou os investidores, definindo novos rumos para a economia, num cenário em que não se esperam bons ventos. Os investidores, principalmente os estrangeiros, devem agir com cautela no aguardo das definições. O investidor nacional não deve adotar postura diferente, diante de um ambiente econômico nada favorável, com taxa de juros e dólar elevados (o que fez, aliás, algumas companhias cancelarem captações externas). Soma-se a isso tudo o fato de que o mercado de modo geral carece de boas histórias para participar de IPOs.

Espera-se que a recente reforma da Instrução 476, que permitiu às companhias captar recursos por meio de ofertas de ações restritas, com dispensa de registro da CVM, impulsione o mercado em 2015. Apesar disso, algumas questões ainda merecem análise do regulador, como a aplicação dos lotes suplementar e adicional a esse tipo de operação e o procedimento de estabilização, itens deixados de fora da nova 476.

Ficou para este ano a regulamentação das ofertas públicas de distribuição dos certificados de operações estruturadas (COEs), cuja minuta de instrução se encontra sob análise do mercado até 23 de fevereiro. O setor bancário acredita que a emissão e a negociação desse papel em larga escala tomarão outro contorno com a edição da norma. Um grande passo foi dado com a alteração da Instrução 476, que, além das ações, passou a incluir também os COEs. Até setembro, a Cetip registrou um estoque de aproximadamente R$ 3 bilhões em COEs. Com a nova norma, acredita-se que esse volume cresça consideravelmente.

Dois mil e quinze não deve ser muito diferente do ano passado no que diz respeito à mudança de prática pelas companhias: a captação de recursos por dívida deverá seguir mais expressiva que aquela via ações. A reforma da 476, entretanto, ao instaurar um marco regulatório inovador, poderá ser a saída para o aquecimento do mercado em 2015. Assim esperamos.


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