Dentre as diversas questões a serem consideradas pelos empreendedores na constituição de seus negócios, merece especial atenção um ponto aparentemente simples, porém crucial — a importância da equipe no sucesso de uma empreitada.

A necessidade de atrair e reter talentos toma proporções particularmente desafiadoras no contexto da criação de startups, em que nem sempre é possível dispor de recursos financeiros imediatos para competir com os maiores salários do mercado. Além disso, enquanto empresas já consolidadas muitas vezes contam com sua solidez e tradição para atrair as melhores cabeças, nas startups, com frequência, o desafio do empreendedor é identificar profissionais que acreditem no potencial do negócio que se inicia e tenham comprometimento com a construção da história da nova empresa a médio e longo prazos.

Tendo isso em mente, uma ferramenta constantemente adotada por startups na atração e retenção de talentos é o plano de opção de compra de ações (stock option).

Tal plano caracteriza-se pela concessão, a um determinado profissional, do direito de adquirir, futuramente, participação na companhia em quantidade prefixada de ações ou percentual do capital social, de acordo com os termos e condições acordados.

A opção de compra é concedida pela própria startup, mediante a emissão de novas ações a serem entregues quando do exercício da opção — ou por seus fundadores e investidores, que concordam em transferir futuramente parte das ações de sua titularidade para o optante.

Oferecer participação no capital é alternativa para startups terem bons profissionais

O direito à opção costuma estar condicionado à plena satisfação de determinados requisitos, tais como prazos de permanência mínima do profissional na empresa e atingimento de metas de desempenho. É importante que tais condições sejam estabelecidas de forma clara e precisa, com metas objetivas e mensuráveis. O desenho do plano pode prever o exercício da opção em um único momento ou de forma parcelada, quando vinculado a condições e metas parciais.

Uma vez satisfeitas as condições preestabelecidas, o beneficiário tem o direito de exercer a stock option mediante o pagamento do preço acordado — em regra, um valor simbólico ou com desconto significativo sobre o preço de mercado da ação.

Sinalizando com um potencial de ganho atrelado ao crescimento da companhia a médio e longo prazos, apesar de não representar garantia de resultado, a stock option é um incentivo para a manutenção do vínculo e a dedicação do profissional.

Por seu caráter personalíssimo, o plano costuma prever a obrigatoriedade para o optante adquirir a participação societária em seu próprio nome (salvo expressa aprovação em contrário dos fundadores ou controladores da empresa). Eventualmente, é preciso assinar um acordo de acionistas.

É bastante usual que se estabeleça, em favor da startup ou de seus fundadores, o direito de recompra das ações de titularidade do optante, com sua exclusão do quadro social no caso de encerramento do vínculo profissional. Esse direito pode ter especial relevância dependendo do porte e da estrutura societária da companhia e das razões da saída do optante da empresa.

Vale ressaltar que a familiarização com os conceitos acima descritos pode ser de grande utilidade para os empreendedores durante a negociação de novas captações. A constituição de stock options é, habitualmente, uma das exigências de potenciais investidores que visam, por meio desses planos, a garantir a manutenção da equipe necessária para o desenvolvimento dos negócios e, consequentemente, o retorno de seu próprio investimento.